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27/03/19
Formador de ignorantes
Já escrevi muitas vezes sobre a tragédia da educação e vou continuar batendo nessa tecla suja, porque só é possível ter cidadãos de qualidade com um ensino de qualidade. O nosso forma mais ignorantes com diploma que letrados.
São crianças e jovens que se tornarão adultos defeitusos em conhecimento, que terão dificuldade para conseguir mesmo um emprego modesto, porque hoje em dia é preciso ler direito até para operar uma caçamba de lixo ou triturador.
Desde que a esquerda inventou a "não repetência", que premia a ignorância, e que Lula incentivou a criação de uma faculdade a cada esquina, 90% delas particulares, o ensino entrou em uma espiral viciada. O aluno sai do ensino médio sem saber interpretar nenhum texto mais longo que dois parágrafos, sem saber fazer contas básicas, sem incentivo a ler, sem capacidade para entender conceitos.
Ele sai de sua escola sem condição nenhuma de debater ou de entender a vida. Ele deveria ter repetido o ano em que não conseguiu aprender, mas a lei obriga a escola a passá-lo para a série seguinte, onde chega sem entender a anterior. No final, completa o Ensino Médio e vai para a rua sem ter aprendido o necessário. Aí faz o Enem...
O Enem é outra peça na leniência com a educação ruim. A nota para "passar" no exame é 450, equivalente a 4,5. Ou seja, o aluno não precisa saber nem a metade do conteúdo para ser autorizado a entrar em uma faculdade.
Como o governo Lula incentivou a explosão de faculdades e a maioria é do tipo "caça níqueis", este aluno deficiente não terá dificuldade em achar uma que o aceite. Ali, vai passar quatro anos sem entender as matérias mas, se pagar as mensalidades, sairá formado.
É este tipo de profissional que o país vem formando nos últimos 15 anos. Advogados e jornalistas que não sabem escrever, engenheiros e arquitetos que não sabem fazer cálculos, professores que vão repassar o ensino errado que tiveram. Num círculo vicioso.
Se voce acha que exagero, olhe os números do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do Ministério da Educação. 90% dos alunos que concluíram a educação básica em 2017 não sabiam o que deveriam em matemática. No Nordeste, o índice é 93,8%.
No 5º ano do ensino fundamental, só 56,2% aprenderam o que deviam em português (41,4% no Nordeste) e apenas 44,1% em matemática (vergonhosos 28,3% no Nordeste). As taxas no 9º ano são de 33,8% em português (25% no NE) e incríveis 15,5% em matemática. No Nordeste só 10,1% saem do 9º ano sabendo o conteúdo de matemática.
E fica muito pior no 3º ano do Ensino Médio, que a pessoa deveria terminar sabendo todo o conteúdo e pronta para encarar o superior. No Brasil, só 22,7% sabem português e apenas 4% matemática.
Se isso já é uma tragédia, pior acontece no Nordeste, com 16,5% e 2,7%. Nosso sistema público, na prática, não ensina absolutamente nada, mas recebe investimentos próximos do primeiro mundo. Do jeito que está é melhor fechar as escolas e economizar o dinheiro para outras coisas.
Ou tomar vergonha na cara e consertar o sistema desde o início, voltando com a antiga repetência. É preciso selecionar apenas professores capazes, demitir os outros e fazer novos concursos na área. Temos que avaliar a capacidade pedagógica de quem dá aulas a cada 5 anos.
O Brasil tem que rever o conteúdo ensinado, voltar para matérias tradicionais, incentivar a leitura, o debate, os trabalhos práticos e a experimentação. Impor 7 como nota mínima do Enem para entrar em uma faculdade e avaliar cada uma delas rigorosamente.
É essencial fechar as que não tiverem um rendimento adequado e montar um ranking nacional das melhores.
Se o governo consertar o ensino, talvez daqui a 15 anos o Brasil tenha mais da metade dos alunos sabendo o conteúdo que precisa saber ao concluir o Ensino Médio. Mas é preciso começar hoje, porque o resto do mundo está bem à frente.