Buscando o culpado errado
A sede de vingança turva os olhos dos Estados Unidos
Os militares, algumas autoridades e boa parte da midia americana querem vingança imediata pelos ataques terroristas em NY e Washington. A qualquer preço. Contra qualquer um.
A arrogância mostrada até então, sempre dizendo que ninguém se atreveria a atacar o país, foi soterrada nos escombros das torres do World Trade Center, de cinco andares do Pentágono e parte do Congresso.
Com o orgulho ferido e chocado com as milhares de mortes, os EUA já se apressam em culpar os alvos mais fáceis: palestinos, muçulmanos e o dissidente saudita Osama bin Laden (que por sinal negaram envolvimento).
Na época em que derrubaram um prédio federal em Oklahoma, as acusações eram contra os mesmos, citando evidências fortes do FBI. No final descobriu-se que os culpados eram dois legítimos americanos.
Agora o FBI cita novamente as tais fortes evidências para incriminar o terrorista mais conhecido, mais fácil de ser digerido pelo público como bode espiatório, Osama bin Laden.
Quais evidências? Um dos passageiros dos aviões que bateram contra o WTC era ligado a bin Laden.
Ora, se eles sabiam que o passageiro era ligado a um terrorista, e naturalmente consta de uma lista negra nos aeroportos, por que o deixaram embarcar no avião? Cheira a armação.
Um detalhe que me incomoda é o fato de os terroristas pilotarem os aviões eles mesmos. Para pegar um avião em Boston, seguir direitinho a rota certa, movimentar um Boeing sem problemas no congestionado céu de New York e bater, com precisão, nos prédios escolhidos é preciso já ter voado - e muito - naquela área.
O mesmo se aplica a Washington e o Pentágono. Os pilotos jamais conseguiriam este feito apenas treinando num deserto qualquer. Eles já tinham voado nas duas cidades, e com aviões de grande porte.
Outra coisa: durante muitos minutos quatro aviões saíram do plano de vôo apresentado no aeroporto e voaram completamente fora de qualquer rota comercial. Será que ninguém deu o alarme? Ninguém questionou os pilotos? Algum controlador de vôo pode estar envolvido.
O FBI deveria olhar um pouco mais para dentro do país. Os terroristas podem ser, de novo, americanos.
Ingenuidade
A mistura da ingenuidade americana com sua arrogância facilitou muito a ação dos terroristas, assim como vai continuar facilitando as coisas para eles no futuro. E acho que os ataques de ontem foram apenas o começo.
Bush disse que o exército americano está preparado para esta guerra. Com todo o respeito, não está não.
O exército americano está preparado para invadir e massacrar qualquer país, mas é completamente incompetente para combater dentro de casa.
Vou dar um exemplo simples. Hoje pode-se fazer uma pequena bomba atômica, com poder para riscar do mapa a Disneyland e a cidade que a cerca, próximo a Los Angeles, com o tamanho de uma bola de boliche.
Entrar na Disney com o artefato é muito fácil. Não há esquema de segurança nem revista, até para não perturbar o lazer das famílias.
Lugares para deixar a bomba não faltam na Disney e o impacto - tanto emocional, com milhares de crianças mortas no local de lazer mais famoso do mundo, como financeiro seria um golpe duro demais. O turismo, que movimenta bilhões de dólares por ano nos EUA, acabaria.
Eu e voce podemos imaginar este e milhares de outros riscos potenciais dentro dos Estados Unidos. Eles não. São ingênuos em achar que coisas assim não podem acontecer nos Estados Unidos, que o governo tem tudo sob controle.
Política externa
Um analista político da tv comentou que os ataques são fruto da política externa americana, e acho que ele está certo.
Bush me parece preocupado, desde o dia em que tomou posse, em provocar uma guerra para que ele possa, como seu pai, ser um herói e ter uma vitória militar no currículo.
Ao longo deste ano já criou caso com os chineses, enviando um avião espião para lá e declarando que está no seu direito fazer isso; com os palestinos ao apoiar irrestritamente os massacres promovidos por Israel; com metade do mundo ao se recusar a assinar o pacto de Kyoto sobre poluição e se retirar da conferência sobre racismo em Durban; com os russos ao testar o Star Wars; com os árabes ao continuar os ataques contra o Iraque; com os cubanos...
Isto fora dezenas de declarações preconceituosas sobre muçulmanos, latinos e negros.
É uma política externa baseada na presunção que os EUA são a polícia e o imperador do mundo, que todos os países devem se curvar aos ideais americanos, que qualquer dissidência é uma afronta ao mundo livre.
Bush ainda não percebeu que a maior ameaça aos EUA é justamente o fato de enxergar os outros países como ameaça, e não como gente que precisa de ajuda.
A diferença social e econômica entre os EUA, os países mais ricos, e o resto pobre do mundo só aumenta a revolta, os atos desesperados, o preconceito contra os americanos e as tentativas de terrorismo.
Rapidinhas
Louvável - Digna de nota a atitude da Intelig, fornecendo ligações gratuitas para quem precisa saber como estão familiares e amigos em New York. Tel 0800 888-0400.
Choque - Eu sei que os palestinos vêm sendo assassinados por Israel, com apoio dos americanos, há muitos anos. Mas as cenas de palestinos comemorando os atentados terroristas nos Estados Unidos foi chocante. Tão chocante quanto os atentados em si.
Otan - Me preocupa a ameaça da Otan em retaliar os atos terroristas ocorridos nos EUA. Retaliar contra quem? A Otan já invadiu e bombardeou Kosovo alegando que ali existia limpeza étnica. Até hoje não apareceu uma prova sequer deste fato. Mas Kosovo foi destruida.
Otan 2 - O problema é que, com o fim da guerra fria, a Otan não faz mais sentido. Por isso ela hoje procura se posicionar, perigosamente, como a policia do mundo. É um perigo... para o mundo.
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