A farra das carteiras na Bahia
A Bahia, que sempre foi a terra da impunidade, agora é também a terra da falsificação.
Depois dos escândalos de quadrilhas que falsificavam carteiras de motorista e cartões de crédito em Itabuna, agora pipoca um escândalo muito maior, porque afeta a vida de todos.
Um repórter do jornal A Tarde provou o que já se suspeitava: qualquer pessoa pode tirar documentos falsos no SAC sem dificuldades. Ele tirou uma carteira de identidade com outro nome em poucas horas.
No mesmo dia um estelionatário era preso com 12 carteiras de identidade e 4 CPFs falsos, todos tirados com facilidade no SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão) da Barra.
Ao invés de resolver o grave problema de segurança do SAC, o governo do estado mandou a Justiça indiciar o repórter, numa total inversão de valores que mostra bem o perfil do grupo carlista que manda na Bahia há décadas.
Dois dias depois outro falsário era preso, este com 9 identidades e três CPFs, usados para abrir 10 contas em banco, tirar quatro cartões de crédito, conseguir uma carteira de trabalho e abrir três empresas fantasmas.
Ou seja: na Bahia não se pode mais confiar no que deveria ser a segurança do documento oficial. Qualquer identidade ou CPF tirado no estado pode ser falsa. Assim como qualquer empresa menos conhecida passa a ser suspeita de fantasma. Cheque então, nem se fala...
O pior de tudo é confirmar que o governo do estado não passa de uma fachada de marketing, como aquelas casas de filme, que só têm uma frente de papelão e nada por trás.
O SAC, uma excelente idéia que deveria facilitar a vida do cidadão, passou a ser o Serviço de Apoio aos Corruptos por sua incompetência em zelar por documentos oficiais. Ele deixa hoje uma nuvem de dúvidas sobre a honestidade de todos os baianos.
O escândalo do SAC deveria ser imediatamente alvo de uma CPI, coisa que não vai acontecer porque o governo do estado tem a maioria da Assembléia. O próprio SAC deveria ser fechado até que se tenha certeza de segurança na emissão dos documentos.
Todos os portadores de identidade e CPF emitidos pelo SAC deveriam ser convocados para novo cadastro e os dirigentes do setor demitidos. Isto tudo se a Bahia não fosse o paraíso da impunidade que é. A lei por aqui se aplica, com rigor, a quem denuncia as irregularidades, como o repórter, mas nunca a "amigos do rei".
Foi com este tipo de atitude que se matou dez jornalistas durante os governos de Antonio Carlos Peixoto de Magalhães e Paulo Souto, todos após denúncias contra o governo estadual ou seus aliados. Nenhum dos casos foi apurado. Ninguém foi indiciado.
O deputado Geraldo Simões já comentou que "processos contra carlistas desaparecem nos labirintos da justiça baiana, enquanto os que afetam o cidadão comum ou pessoas mal vistas pelo esquema carlista são agilizados a toque de caixa."
"Os escândalos dos carlistas são abafados com suborno, ajuda de juizes ou ameaças", garante.
Exemplos recentes incluem a participação de ACM em uma empresa suspeita do paraíso fiscal de Cayman, denunciado pela revista Carta Capital e que está "parado" na justiça; o assassinato de um jovem em Jaguaquara que teria sido cometido por Ângelo Magalhães Neto, anunciado pelo delegado e depois abafado.
No passado alguns casos viraram até piada, como o golpe dado por um grande aliado de ACM em Itabuna. Quando prefeito, ele falsificou a planta da cidade, inventou um rio (Icó), pediu e conseguiu verbas para a construção de pontes e urbanização das margens.
É claro que o dinheiro sumiu nos bolsos largos do então prefeito. O caso foi investigado pela Policia Federal, que provou toda a história e pediu a prisão preventiva de Mendonça. Assim que o processo entrou na justiça baiana, desapareceu.
Ah, nem pense em me processar por calúnia. Tenho cópia de todo o inquérito da Polciia Federal e o pedido de prisão do hoje deputado. E mantenho outras cópias com advogados e amigos, caso resolvam dar a mim o mesmo fim de meu pai...
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