Cenas ridiculas do poder baiano
Falsas baianas e processos absurdos mostram a cara oculta de uma Bahia tutelada.
Falsa baiana
O poder do senador Antonio Carlos Peixoto de Magalhães e a aceitação popular de seu grupo devem estar muito abaixo do que eles apregoam.
Só isto para explicar o mico das policiais femininas da PM, que foram obrigadas a se disfarçar de baianas durante a festa do Bonfim, uma das mais tradicionais e concorridas de Salvador.
ACM gosta de se dizer querido pelo povo, que anda sem seguranças porque o povo o protege. Desta vez preferiu se garantir com as falsas baianas da PM, denunciadas pela incompetência de quem as vestiu.
Os trajes traziam colares errados, colocados de maneira errada, sapatos errados e detalhes estranhos à vestimenta tradicional das verdadeiras baianas, que denunciaram a manobra.
Foi uma cena patética. E mais: um desrespeito à liberdade religiosa. O ato oficial afrontou as PMs católicas e evangélicas que não se afinam com a religião africana e o candomblé, que teve em seu meio pessoas estranhas a ele.
Tudo para atender à vaidade do velho imperador baiano.
Rede Bahia cai no ridiculo
O que tem a ver a Rede Bahia, conglomerado de empresas que pertence ao senador ACM, com a prefeitura de Salvador. Nada? Nem tanto.
Uma matéria criticando o desequilibrado orçamento municipal de 2001, assinada por Marconi de Souza, de A Tarde, levou a Rede Bahia a processar o jornalista, numa cena inédita na história das comunicações.
O fato da Rede Bahia tomar as dores mostra que a prefeitura de Salvador - e a Bahia por extensão - é considerada propriedade carlista para ACM.
A matéria mostrava, e provava, que 80% de toda a verba de publicidade da prefeitura vai direto para os cofres da Rede Bahia, inclusive para o jornal Correio da Bahia, um fracasso empresarial de pifia leitura no estado.
Deputados e vereadores denunciaram várias vezes o esquema, mas a Rede Bahia preferiu processar o jornalista, que incomoda o carlismo há muito tempo com sua insistência em fazer jornalismo sério.
Depois dizem que ACM não manda na Bahia... Manda no estado, na capital e nas cidades onde o prefeito é seu subordinado.
Lei do silêncio
Na imprensa baiana impera a lei do silêncio sobre qualquer assunto que possa incomodar o velho cacique baiano. Exceção feita aos jornais A Tarde, Tribuna da Bahia e A Região, e a rádio Morena FM, de Itabuna.
O resto se cala vergonhosamente. Os jornalistas, ameaçdos de surras e mortes, e os jornais, ameaçados com retaliações politicas e econômicas, são obrigados a se curvar. E calar.
Prefeitos carlistas recebem ordens de anunciar somente em jornais ligados ao esquema de poder, em especial o Correio da Bahia, de ACM, que estampa dezenas de anúncios de página inteira pagos por prefeituras do interior que sequer sabem como vão pagar as folhas de pagamentos.
Para os outros veiculos, nada de publicidade, a não ser por erro da agência (já aconteceu).
Os quatro veiculos citados preferiram não se curvar, mantendo uma trincheira dificil no jornalismo baiano, enfrentando a falta de dinheiro, as ameaças a anunciantes e até os assassinatos.
Entre 1991 e 1998 foram assassinados dez jornalistas na Bahia, oito no governo de ACM e dois no de Paulo Souto. Em oito dos casos o jornalista denunciava corrupção de policiais e politicos ligados ao carlismo.
De 1998 para cá, a insistente cobrança de providências nos casos de Manoel Leal (meu pai), assassinado em janeiro daquele ano, e de Ronaldo Santana, morto em 97, frearam o ímpeto de quem confia na impunidade baiana.
Nas últimas eleições os dois prefeitos suspeitos de terem ordenado os crimes (Fernando Gomes e Paulo Dapé) foram rejeitados pela população nas urnas, mesmo tendo a seu lado toda a máquina do estado.
E na Bahia, quando se fala em "máquina" leia-se a participação ativa e integral de ACM, Paulo Souto, Cezar Borges, a PM, a Policia Civil, as autarquias, os órgãos e até os juizes eleitorais nas campanhas carlistas.
Em idade avançada e saúde delicada, ACM já vê seu esquema de poder ser disputado por alguns aliados, e ser rejeitado em cidades importantes como Itabuna, Conquista, Juazeiro e Alagoinhas.
O fim da era da imprensa amordaçada pode estar perto.
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