Bahia, terra do acarajé e da impunidade
Por trás das imagens de praia, prédios históricos, capoeira e carnaval a Bahia esconde sua maior ferida, cada vez mais fétida e dolorida. Cada vez maior e sem controle.
A terra do acarajé é também a terra da impunidade. Não estou falando apenas dos crimes mais graves, porém da atitude geral do baiano e seus "administradores". Por aqui ninguém respeita as leis de trânsito, ricos e "amigos do rei" cercam o acesso às praias, trombadinhas roubam à vontade nas cidades, assaltantes fazem a festa, cada um faz o que quer desde que tenha "amigos".
Nas raras ocasiões em que alguém é preso para que a polícia "mostre serviço" a interferência de "gente nossa" garante que ele seja solto antes do jantar.
Mais grave ainda tem sido, nos últimos anos, a revogação do direto à livre expressão e à liberdade de imprensa. Você não sabia? Elas foram revogadas pela impunidade garantida a assassinos e mandantes de dez jornalistas que ousaram cumprir seu dever, fazer seu trabalho em defesa da sociedade.
Estes dez jornalistas foram assassinados nos últimos sete anos durante os governos de Antonio Carlos Magalhães e Paulo Souto, logo após denunciarem prefeitos, políticos e policiais ligados ao governo estadual. Tanto ACM como Souto garantiram com uma cara muito séria que os crimes seriam apurados e os autores punidos. Sabe quantos o foram? Nenhum. Ninguém foi preso ou indiciado, nenhum dos políticos suspeitos de mandante foi chamado a depor. Pra que incomodar gente tão importante...
O resultado prático é a revogação da liberdade de imprensa na Bahia, o estado mais perigoso para a profissão de jornalista. Um estado onde a democracia foi abatida a tiros e os governantes mostraram omissão ou incompetência na solução do problema. O último jornalista assassinado (ou melhor, o mais recente, pois muitos outros ainda serão mortos) foi meu pai, Manuel Leal de Oliveira (leia sobre o crime neste link).
E viva a terra do acarajé... e da impunidade.
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