Acesso gratuito, mas nem tanto
A chegada de provedores de acesso à internet "gratuitos" tem ocupado as páginas de jornais e revistas, mas poucos se deram ao trabalho de analisar mais a fundo.
Uma lida no contrato de adesão e passos necessários para o cadastro revela uma série de armadilhas e custos embutidos nesta aparentemente atraente oferta.
Pesquisei os provedores "gratuitos" NetGratuita (do UOL), iG ou Internet Grátis (da Telemar), Super11 e Terra Livre.
Em comum eles têm o fato de não se responsabilizar pela qualidade do serviço nem por sua disponibilidade.
NetGratuita - ele te obriga a instalar um microportal que precisa ficar o tempo todo aberto e visivel para que você acesse a internet. Ele te obriga a usar somente o Internet Explorer e sua página inicial, muda a configuração do computador, é restrito a quem usa Windows.
Mais: por causa do microportal, você só pode acessar por ele no seu computador; o e-mail é do tipo web (lento, lido no browser); e o UOL é famoso por gostar de "fechar" o conteúdo.
O contrato do NetGratuita diz ainda que eles não se responsabilizam por nenhum dano ou desconfiguração que o microportal obrigatório causar no seu computador. Diz que pode deixar de ser gratuito de repente e que você autoriza o NetGratuita a "revelar as informações de registro para fins comerciais, inclusive de marketing." Espere por muito lixo na caixa postal. É o pior dos quatro.
Terra Livre - neste você só usa o programa de instalação se quiser, logo pode ser usado em qualquer plataforma, de Mac a OS/2, te dá 10Mb para uma homepage e mais 10Mb para guardar arquivos. Não impõe navegador nem página inicial. Mas...
O suporte, depois de 30 dias, é pago (R$7,90 por mês). Se você atrasar paga multa, juros e correção. Se não pagar o suporte, perde o acesso gratuito (o que é ilegal). O e-mail também é do tipo web e só dá direito a uma caixa postal (os outros não têm limite).
Como o da NetGratuita, o Terra avisa que você vai receber email de produtos e serviços dele e de terceiros. Mais lixo na caixa.
Segundo o contrato o acesso ao conteúdo pode ser cobrado no futuro. Na ocasião, se você não pedir o desligamento em 5 dias passa a ser considerado cliente pago (outra ilegalidade). Dá a impressão de que tudo não passa de uma armadilha para cobrar depois. É o mais "ilegal."
Super11 - este instala um discador, o que pode desconfigurar sua máquina e impede que você acesse de computadores Mac, Linux, Unix e OS/2. O e-mail também é tipo web.
De positivo, o Super11 não impõe navegador nem página inicial. Mas o contrato deixa claro que você vai receber e-mails de produtos e serviços. Lixo...
iG (Internet Grátis) - este é o melhor de todos eles e o único que parece realmente justo para com o usuário, sem sacanagens ocultas.
O iG não instala nenhum programa (o site ensina como configurar seu discador para ele), você só usa o instalador se quiser. Logo o iG pode ser usado com qualquer computador e sistema operacional, em sua casa ou num hotel.
Ele não impõe navegador nem página inicial, vai dar espaço para sua homepage em breve e tem uma vantagem única entre os provedores gratuitos: o e-mail é do tipo Pop3.
Isto significa que é uma conta de e-mail de verdade, que pode ser lida em qualquer programa de e-mail que você escolher (PMmail, Outlook, Eudora, Messenger...). A baixa de e-mails é muito rápida e pode ser filtrada à vontade.
Coisa muito útil considerando que o ponto negativo do iG é também enviar e-mails de produtos e serviços. De resto, o contrato do iG é o único sem armadilhas para o usuário.
Se você vai usar um provedor gratuito, o iG é o único que recomendo, mas lembre-se que nada pode se comparar aos serviços de um provedor pago.
No gratuito você pode ficar "fora do ar" por vários dias sem direito a reclamar. Será sempre alvo de e-mails não solicitados, pode perder a gratuidade de repente (tendo inclusive de mudar o e-mail) e não tem alguém próximo para tirar dúvidas.
De minha parte, continuarei no meu provedor pago, a Nuxnet (Itabuna, BA).
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